terça-feira, 12 de maio de 2009

Um passeio de ônibus.
Por Mayara Benatti

"Ai que saudade de andar de carro"; "Que droga ter que ficar em pé esperando o ônibus"; "Ai, como esse ônibus balança"; "Tenho que ir de pé porque o ônibus está sempre cheio". Essas constatações são sempre típicas de quem tem que andar de ônibus, não é? Realmente, não podemos negar que um carro faz falta e que andar de ônibus não é la as suas maravilhas. Quem não quer conforto?!

Mas, vamos parar e assumir um pouco a postura de um observador, de flaneur, na nossa viagem dentro desse transporte público. Vamos ressaltar os pontos positivos, ou se preferir, os pontos interessantes e curiosos que estão presentes nessa atividade rotineira e, aparentemente, sem nada de diferente para nos acrescentar. Aliás, você pode estar lendo esse texto, continuar até o final e constatar que, realmente, não tem nada a lhe acrescentar. Se isso acontecer jogue fora essa reflexão, foi só um ato de loucura da escritora desenrolar esse assunto.

Bom, vamos lá. Já reparou quantas pessoas difrentes pegam o mesmo ônibus que você? Altíssimas (esses dias entrou um homem que achei que só caberia debaixo da entrada de ar que se abria e deixaria a cabeça dele para fora); altas; normais; baixas; crianças; jovens; velhos;cabelo enrolado, liso, chapado, escovado; roupas formais, informais, uniformes. Mudando de perspectiva, só pela observação podemos montar uma história na nossa cabeça sobre um determinado passageiro: da onde veio, para onde vai, o que vai fazer. Temos ali, em um mesmo ambiente vários personagens da vida real.

Podemos pegar o homem altíssimo da entrada de ar. Deduzi que ele seria um segurança pela altura e pela vestimenta, terno, calça social, camisa e sapato. Era forte também, muito forte. Óbvio que ele poderia ser, também, um executivo, ou um homem normal voltando de um casamento, enfim...É essa possibilidade de se construir várias histórias o fascínio do ônibus.

Podemos perceber até mesmo se a pessoa está pegando aquele ônibus pela primeira vez. O olhar do novato é diferente, é de demasiada atenção. Por todos os lugares e pontos pelos quais o ônibus passa e para, o "pinto fora do lixo" vira a cabeça e o olhar 360°, levanta-se, pergunta, senta de novo, franze a testa para ler as placas e senta de novo. Chega a ser tenso ver a concentração dessas pessoas.

O ônibus é o transporte mais democrático e convergente. Nele encontram-se todas as raças, classes, ideologias, que, aparentemente, são diferentes, mas ali denotam sua igualdade: todos objetivam chegar a algum lugar, com algum propósito. Dividimos assim, mesmo que por alguns momentos, o mesmo desejo.

Um comentário:

  1. Eu também sempre penso nessas coisas...É constante me pegar pensando: - Pra onde será que aquele carro vai? Como será que foi o dia dessa pessoa?
    Beijos,
    Montana
    Obs: amei a sitação do flaneur!

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